Na sua primeira etapa, o Projeto Museu Orgânico está trabalhando a linguagem musical e já inaugurou as galerias no Cantinho do Frango, Flórida Bar, Bar do Mincharia, Bar do Vaval e Café Couture, homenageando na ordem, os cantores Rodger Rogério, Falcão, Evaldo Gouveia, Raimundo Fagner, e Nayra Costa.
Conforme o jornalista, compositor, escritor e curador do Projeto, Flávio Paiva, o Açaí na Taipa foi escolhido como local ideal para homenagear Belchior por conta da relação dele com artistas do Pirambu. “Este espaço foi criado por sugestão dos próprios artistas da comunidade. Hoje, é um ponto de convivência, de encontro entre artistas velhos com os mais novos”, explicou, ressaltando que uma vez por mês, o evento Sarau na Taipa é realizado como forma de fomentar ainda mais essas descobertas.
O proprietário do Açaí na Taipa, o Pirambu, Airton Barreto, explica que o estabelecimento está aberto há mais de 40 anos, abrindo oportunidade para o reconhecimento de artistas locais, de modo a valorizá-los. “Temos que ter cuidado para o Pirambu não ser esquecido, não perder a identidade, a raiz. Esperamos que essa iniciativa também chegue a outras comunidades, para que possamos fazer essa força maior e sermos vistos de maneira diferente”, disse.
Em uma cidade como Fortaleza, é justo que a produção e a difusão cultural seja descentralizada, de acordo com a opinião do morador do Pirambu e consultor ambiental Edmar Junior. “Acho interessante essa descentralização do foco desses espaços. O Pirambu é um espaço de efervescência cultural. Para mim, foi algo que casou muito com o ambiente, pois o Belchior andou muito aqui no bairro”, contou.
Belchior
Antônio Carlos Belchior nasceu em Sobral em 1946. Foi um dos primeiros cantores de MPB do nordeste brasileiro a atingir amplitude nacional. Entre os seus maiores sucessos estão "Apenas um Rapaz Latino-Americano", "Mucuripe", "Divina Comédia Humana" e "Como Nossos Pais", considerada uma das 100 Maiores Músicas Brasileiras pela Rolling Stone Brasil. Faleceu em abril de 2017, aos 70 anos, na cidade de Santa Cruz do Sul, por conta de um aneurisma da aorta, a principal artéria do corpo humano.
Sobre o Museu Orgânico
Os próximos bares-galerias do Projeto Museu Orgânico serão convidados pela Prefeitura de Fortaleza, obedecendo o critério de distribuição espacial no território da Capital, contemplando as sete Regionais da Cidade, com a identificação desses espaços vivos de cultura. Os locais passam a compor o roteiro turístico de Fortaleza, como se a cidade fosse um grande museu.
O espaço selecionado para galeria do Museu Orgânico na linguagem "Música" recebe um painel de 3m x 1,5m, composto por 50 fotos de compositores, músicos e intérpretes de reconhecido valor artístico-cultural para a música do Ceará, como mostra da diversidade musical da cidade. A disposição das fotos em ordem alfabética, todas em preto e branco e com o mesmo tamanho, assegura o distanciamento da Prefeitura quanto a preferências estéticas, temáticas e de personalidades.
As bases para a constituição e o funcionamento do Museu Orgânico, a escolha dos 50 nomes que integram o painel a ser multiplicado nos bares-galeria, bem como a seleção dos primeiros espaços foram desenvolvidas por um grupo de curadores indicados pelo gabinete do prefeito Roberto Cláudio, composto pelo jornalista Moacir Maia, coordenador de Comunicação Social da Prefeitura Municipal de Fortaleza; pelo arquiteto Totonho Laprovitera, representante da Secretaria Municipal do Turismo de Fortaleza; pelo escritor e produtor cultural, Jorge Pieiro, representante da Secretaria Municipal de Cultura de Fortaleza; e pelo jornalista, compositor e escritor Flávio Paiva, autor do livro-cd "Bulbrax – Sociomorfologia Cultural de Fortaleza".
