O Programa de Adoção de Praças e Áreas Verdes, coordenado pela Secretaria de Urbanismo e Meio Ambiente (Seuma), vem incentivando o protagonismo cidadão nas sete Regionais de Fortaleza. Em toda a Cidade, são 405 ruas, canteiros centrais, parques, praças, largos e jardins, dentre outros logradouros, adotados por associações, empresas ou pessoas físicas em toda a cidade.
Esses espaços públicos vêm sendo cuidados e ocupados desde 2015, início do funcionamento do Programa. Atualmente, as praças e os canteiros lideram, com 160 e 109 espaços adotados, respectivamente. Dentre as Regionais, o destaque vai para a Regional V, com 138 espaços acolhidos, seguido da Regional VI, com 97.
Um exemplo desse protagonismo é a aposentada Abigail Marques, de 73 anos, que há cinco anos aduba, limpa, organiza e mantém a área verde do canteiro central por ela adotado, localizado em frente ao seu comércio, na Avenida Deputado Paulino Rocha, no bairro Cajazeiras (Regional VI).
O espaço, que antes era ponto de acúmulo de lixo, se tornou mais harmônico e convidativo após o trabalho de paisagismo realizado pela própria dona Abigail e chama a atenção de motoristas e pedestres. O local já conta com cinco geladeiras cheias de livros que vão de filosofia à matemática, além de mobiliários como bancos e mesas; e adornos decorativos diversos como estátuas, cercados, símbolos religiosos e placas com frases populares, dentre outros.
O canteiro ganhou vida não apenas por ser um local limpo e arrumado, mas por conseguir engajar outros moradores do entorno, que além de utilizarem propriamente o espaço, também realizam doações de materiais e livros, que segundo dona Abigail, nem cabem mais nas estantes.
Ela conta que já foi consultada para que a iniciativa fosse replicada em outros bairros da Capital, e para o que fica como resultado do trabalho é o senso de cidadania e a mudança de comportamento dos vizinhos, que passaram a apreciar e a se engajar em prol do espaço.
“O pessoal colocava sofá velho, eletrodomésticos, sacos de lixo. Depois que me aposentei, tive a ideia de arrumar esse canteiro para evitar o lixo. Ia fazer só na frente da minha loja, mas as pessoas gostaram e cada vez mais faziam doações e eu fui aumentando o espaço. As coisas eu tiro mais de reciclagem. As pessoas também vão me dando ou eu compro, e assim vou fazendo. A sensação é de que eu estou dando um benefício a alguém e eu me sinto feliz por fazer isso”, descreve.
Além disso, Abigail também conta que pensou o espaço de forma a ser útil e aconchegante para quem passa e que já recebeu diversas respostas positivas sobre o seu empenho. “As pessoas vêm me agradecer porque eu ajudei a passar no vestibular, porque não tinham livros e vieram pegar aqui. Já veio turista bater foto dos detalhes. Vem idosos esperar o ônibus, eles se seguram na passarela que eu construí para atravessar a avenida”, disse.