Dados apresentados pela ONG mostram que por ano, 527 mil pessoas são estupradas no Brasil. 70% das vítimas são crianças e adolescentes. Outro número alarmante chama atenção para a violência contra as mulheres, visto que pelo menos 80% das crianças abusadas são meninas em apenas 10% dos casos são notificados às autoridades.
“Nos acolhimentos da Prefeitura, 90% das crianças sofreram algum tipo de abuso sexual. Isso é um trauma sem precedentes para a criança e é mais grave quando a gente diz que quem abusa, geralmente, está dentro de casa. A gente precisa protegê-las antes que isso aconteça e, se acontecer, é preciso uma rede de apoio muito forte para que elas consigam viver sem tantos traumas", observou a primeira-dama.
O seminário faz parte do curso de capacitação de profissionais que trabalham colhendo o depoimento de crianças vítimas de violência sexual. Em abril de 2018, a causa da proteção à infância passou por um grande marco quando entrou em vigor a Lei Federal 13.431/2017, que estabelece o sistema de garantia de direitos de crianças e adolescentes vítimas e testemunhas de violência. Dentre os grandes avanços da Lei 13.431, destacam-se a escuta protegida, que garante maior proteção para crianças e adolescentes ao depor em um ambiente acolhedor e com o depoimento gravado.
“Um profissional que atua com questões tão delicadas, que envolvem família, segredos, pactos de silêncio, precisa entender a importância da sexualidade e as fases de desenvolvimento para saber fazer o trabalho com o cuidado exigido”, disse Itamar Gonçalves, gerente de Programas da Childhood Brasil.
O tema segue sendo debatido até a próxima sexta-feira. Para a Coordenadora da Infância e da Juventude do Tribunal de Justiça do Ceará, Maria Vilalba Fausto Lopes, o Ceará sai na frente no movimento de proteção às crianças. “Poucos estados estão trabalhando na aplicação da lei 13.431/2017 e nós fizemos questão de trazer o seminário e o curso para capacitar os nossos profissionais que entrevistam as vítimas. É preciso ter sensibilidade, equilíbrio e conhecimento para tratar com um tema dessa natureza”, declarou a desembargadora.