Para tornar a cidade melhor para as crianças, é preciso ouvir as crianças. A Prefeitura de Fortaleza realizou, entre nesta semana (19 a 23/06), um processo de escuta com estudantes da primeira infância dos Centros de Educação Infantil (CEI) João Hildo de Carvalho Furtado I e II e da Escola Municipal João Hildo para os projetos Caminhos da Escola, Qualidade do Ar, Pátios Escolares e a intervenções nas ruas ao redor do complexo educacional, como microparques, do qual fazem parte as três unidades. As atividades contemplam, aproximadamente, 400 crianças na faixa etária de um a cinco anos que estudam nas três unidades da Rede Municipal, localizadas na mesma quadra no bairro Acarapé. O processo é realizado pela Secretaria Municipal da Educação (SME), em parceria com a Coordenadoria Especial da Primeira Infância (Cespi), o Instituto Alana, o ESTÚDIO + 1 e a URBAN 9.
Com metodologia especializada, a escuta inclui experiências como exploração dos locais onde serão realizadas intervenções, rodas de conversa, momentos para criação de desenhos, dentre outras. De maneira acessível e leve, as crianças entram em contato com o início do processo de concepção do novo espaço e expressam seus anseios para ele.
Segundo a titular do Coordenadoria Especial da Primeira Infância, Angélica Leal, a escuta das crianças faz parte de um processo de incorporação do que elas pensam e sentem em relação à cidade e é um importante meio para a efetivação da democracia. "Elas declaram isso de uma forma lúdica, mas nós, adultos, precisamos incorporar isso para garantir equidade, equilíbrio e para que todas as intervenções públicas que Fortaleza pretende fazer em benefício das crianças façam sentido", ressalta, acrescentando que o processo deve contribuir para que as crianças se apropriem e usufruam melhor dos espaços da cidade que estão sendo pensados e planejados para elas e com elas.
A pedagoga Flávia Nunes, professora da turma de Infantil II do CEI João Hildo de Carvalho Furtado I, explica que é necessário saber reconhecer e interpretar o que as crianças comunicam no processo de escuta. "Elas se manifestam pelo interesse, pelo que fazem quando organizamos os espaços para que elas explorem. Então, a gente consegue perceber o que elas pegam mais, a forma como interagem com os objetos, o que elas transformam, qual o material que elas manuseiam, que misturam, que cheiram. Através desse olhar mais sensível, é possível perceber do que elas gostam e do que elas não gostam", descreve.
A coordenadora da Educação Infantil da SME, Simone Calandrine, ressalta que as realização das escutas vai além do que está sendo realizado nesta semana, para a elaboração de projetos específicos como um pátio naturalizado no CEI João Hildo de Carvalho Furtado I e um microparque urbano em terreno ao lado das unidades escolares. É um recurso que já faz parte do currículo da educação infantil da Rede Municipal de Ensino de Fortaleza, tendo em vista que expressar e participar são direitos de aprendizagem e desenvolvimento dos bebês e crianças.
"Essa escuta se dá cotidianamente nas unidades escolares, a partir de ações como roda de conversa e observação constante dos docentes. Como exemplo, citamos as transformações dos espaços de aprendizagem a partir dos desejos e necessidades manifestados pelas crianças. A formação continuada para todos os profissionais que atuam na Educação Infantil de Fortaleza trabalha de modo a desenvolver essa escuta sensível aos desejos e interesses das crianças, compreendendo que elas são protagonistas do seu processo de desenvolvimento e aprendizagem", afirma Simone.
Nesta sexta-feira (23/06), houve uma culminância do processo de escuta realizado ao longo da semana, em parceria com a Secretaria de Urbanismo e Meio Ambiente (Seuma) e a Fundação de Ciência, Tecnologia e Inovação da Prefeitura de Fortaleza (Citinova). Na ocasião, 70 famílias de estudantes dos CEIs João Hildo de Carvalho Furtado I e II e da Escola Municipal João Hildo, que moram na comunidade do entorno, participaram de um encontro para apresentação dos projetos a serem implantados e para a aplicação do questionário Qualiurb, ferramenta de pesquisa de campo para a população-alvo composta pelos cuidadores da primeira infância que acompanham crianças entre 0 a 6 anos de idade na jornada escolar.