A primeira-dama de Fortaleza, Carol Bezerra, lançou nesta sexta-feira (30/08), o Plano de Ação Compartilhada de Prevenção e Pósvenção do Suicídio. O lançamento aconteceu na Unipace (Universidade do Parlamento) durante evento promovido pelo Ministério Público para abertura da Campanha do Setembro Amarelo.
O Plano Municipal foi elaborado para ser instrumento de planejamento em consonância com as diretrizes traçadas no Programa Vidas Preservadas contribuindo assim, com a redução de tentativas e morte por suicídio. Ações articuladas e integradas entre governo e sociedade já estão sendo desenvolvidas usando as premissas norteadoras do plano: acessibilidade e equidade, proximidade, territorialidade, rede e intersetorialidade.
O documento foi elaborado por uma equipe interdisciplinar reunida no Grupo de Trabalho Prevenção e Posvenção ao Suicídio (GT PPS), vinculado à Secretaria Municipal de Saúde (SMS). Durante o processo de elaboração, representantes de diferentes órgãos participaram de oficinas e reuniões, articulando as diversas políticas públicas envolvidas: Secretaria dos Direitos Humanos e Desenvolvimento Social (SDHDS), Secretaria Municipal da Educação (SME), Centros de Atenção Psicossocial (Caps), Rede Cuca e Centro de Valorização da Vida (CVV).
“O Ministério Público está sempre provocando e estimulando a Prefeitura para que a gente faça um trabalho mais direcionado. O Plano trabalha, de forma intersetorial, com o apoio de todas as secretarias, ações e campanhas para identificar fatores de risco e apoiar as famílias que reconhecem o problema dentro de casa, mas não sabem como agir”, explicou a primeira-dama, Carol Bezerra.
Durante a primeira gestão do prefeito Roberto Cláudio, diversas ações foram realizadas para fortalecer a atenção primária, porta de entrada para a Rede Municipal de Saúde. Na segunda gestão, a Prefeitura trabalha na reestruturação da Rede de Saúde Mental. Além dos novos 130 profissionais concursados trabalhando na Rede, a gestão também atua na reforma e construção de novos Centros de Atenção Psicossocial (Caps). Para o promotor de Justiça, Hugo José Lucena da Mendonça, Município e Governo do Estado estão dando passos importantes no fortalecimento de ações que preservam a vida das pessoas.
“Tenho convicção de que os gestores percebem a necessidade urgente de priorizar esse tipo de política pública. Teremos um passo a passo a ser seguido. A rede já está passando por reestruturação, mas não é suficiente e os gestores entendem isso. Mas estamos construindo aos poucos, levantando as demandas e estudando o que pode vir a médio e longo prazo. A sociedade precisa discutir o tema também, a mídia precisa saber como tratar o tema e os gestores têm que continuar o trabalho”, destacou, Hugo José Lucena da Mendonça
Reconhecido como um grave problema de saúde pública pela Organização Mundial de Saúde (OMS), o suicídio é um fenômeno multideterminado que envolve fatores biológicos, sociais e emocionais e ocorre em todas as faixas etárias, etnias e níveis socioeconômicos. Segundo a OMS, 90% dos suicídios são evitáveis. Dados mostram que as taxas de suicídio envolvendo mulheres estão estabilizadas há 20 anos, já as dos homens, especialmente entre 15 e 30 anos, aumentaram em quase 300% em 20 anos. De 2010 a 2018, Fortaleza registrou um crescimento de 40% no número de óbitos ocasionados por suicídio. Em todo mundo, a cada 40 segundos uma pessoa se suicida.
Durante o evento, houve palestra do psiquiatra e especialista no assunto, José Manoel Bortolloti. Ele alertou para os sinais e alterações de comportamento que precisam ser observados para evitar o ato. “Prestem atenção nas mudanças radicais de comportamento, falas de despedida, de posses materiais e claramente a pessoa que anuncia que não quer viver está em risco e isso é ignorado em nome de mitos que as pessoas criam de que quem avisa, não se mata. Isso é perigoso e não podemos olhar para o lado e correr o risco de perder um amigo, um parente”, lembrou Bortolloti.