A Prefeitura de Fortaleza lançou, nesta quarta-feira (27/09), a plataforma BigData Fortaleza, por meio do Instituto de Planejamento (Iplanfor). O sistema permite a integração de dados municipais e o cruzamento dessas informações, sendo possível, a partir de métodos de análises, definir novas políticas públicas e orientar nas tomadas de decisão pelos gestores baseadas em evidências.
Nesta primeira fase, serão contempladas as áreas de Educação, Saúde e Primeira Infância. Por conter informações sensíveis, o acesso ao BigData será restrito a gestores públicos, em consonância com a Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD).
De acordo com o superintendente do Iplanfor e vice-prefeito de Fortaleza, Élcio Batista, o maior beneficiado pela integração dessas políticas públicas é o cidadão. “O BigData Fortaleza demonstra o compromisso do Iplanfor e da Prefeitura com a cultura e a ciência de dados. A plataforma facilitará a personalização e a integração de políticas públicas em diversas áreas, tornando a gestão mais eficiente e equitativa. Daremos respostas mais assertivas sobre o impacto dos projetos na redução das desigualdades, beneficiando toda a população cearense”, afirma.
O superintendente do Iplafor explica que atualmente o funcionamento do Bigdata está focado em três problemas. "Queremos ter a demanda real de creches na cidade de Fortaleza. A gente hoje sabe todas as crianças que nasceram na cidade de Fortaleza, nas últimas 48 horas, quais são os bairros delas e qual é a demanda de creche que vai ter naqueles bairros. A plataforma já traz isso, porque integrou sistemas que estavam desintegrados. Segundo, podemos saber quais crianças que têm acesso às creches não estão vacinadas. Terceiro, fazer um acompanhamento de cada gestante na cidade de Fortaleza, porque temos as informações das gestantes dentro da plataforma e podemos individualizar os cuidados, priorizando a atenção a gestações de alto risco ou casos de gravidez na adolescência," detalha Élcio.
Para o secretário da Saúde Galeno Traumaturgo, a plataforma Bigdata é o sonho de de todo gestor. "É um avanço enorme. O grande problema na gestão pública, principalmente na saúde, é a ausência de dados reais, nós vivemos sembre em busca de informações em tempo real, e essa ferramenta nós apresenta esses dados de forma que podemos acessá-la e ver por exemplo quais são as crianças que não foram vacinadas e aí agir de imediato para que esses problemas sejam resolvidos. Em termos práticos, ela pode contribuir para evitar complicações mais sérias, como epidemias," explica.
A secretária da Educação Dalila Saldanha considera que o Bigdata pode mudar completamente a dinâmica de criação e ocupação de vagas da Rede Municipal de Ensino. "O Bigdata é uma ferramenta gerencial de alta relevância para que a gente consiga alocar os recursos da melhor forma, de maneira que encontre a necessidade dos cidadãos. Hoje temos uma demanda de creche no registro único, chamada de demanda manifesta, mas só temos aquela informação, não sabemos em tempo real a distribuição daquela população na cidade, e o Bigdata vai nos trazer essa informação. Então ele servirá para política de longo prazo, o planejamento, mas principalmente para acompanhar o dia a dia," descreve.
Um dos atributos do Bigdata é a aplicação da Inteligência Artificial para a geração de alertas que possibilitem o melhor direcionamento das ações da Prefeitura. A titular da Coordenadoria Especial da Primeira Infância (Cespi) Angelica Leal ressalta a importância desse recurso para o cuidado com crianças de zero à seis anos. "A integração de dados na plataforma vai dar um panorama para que possamos apoiar cada secretaria em suas entregas. Ao mesmo tempo, o Bigdata vai revelar elementos para que a gente tenha políticas públicas mais assertivas, mais individualizadas e focadas nas crianças. A primeira infância é um período muito curto, que vai da gestação aos seis anos, então as intervenções necessárias têm que ser imediatas," afirma.
O secretário dos Direitos Humanos e Desenvolvimento Social Francisco Ibiapina considera que o Bigdata pode contribuir para atender as populações mais vulneráveis. Uma das bases de dados da plataforma é o Cadastro Único, principal banco de dados utilizado pela pasta. "O cadastro único é um grande mapa das nossas famílias de baixa renda. A partir do cruzamento dessas informações com bancos de dados da educação, da saúde, que é feito no Bigdata, a gente pode construir cenários e aprimorar a atuação das polícias públicas. Especificamente na área da assistência social, naquelas ações voltadas à primeira infância, teremos ações imediatas, mas o Bigdata tende a se ampliar para que possamos também abarcar outras ações da assistência social, atendendo às necessidades da população".
Análises
Com o BigData, será possível fazer uma previsão demográfica por bairro; realizar acompanhamento da quantidade de vagas disponíveis em creches a partir do número de nascidos vivos; além do monitoramento da cobertura vacinal. Assim, gestores poderão mobilizar campanhas de vacinação direcionadas ou avaliar a necessidade de abertura de novas vagas em escolas em áreas com maior demanda, por exemplo.
A plataforma foi elaborada por meio de parceria entre Iplanfor e Universidade Federal do Ceará (UFC), via Programa Cientista Chefe, com financiamento da Fundação Fundação Cearense de Apoio ao Desenvolvimento Científico e Tecnológico (Funcap).
Segundo a professora da Universidade Federal do Ceará e Coordenadora do Programa Cientista Chefe, Rossana Andrade, a plataforma Bigdata foi desenvolvida com as técnicas mais avançadas da ciência da computação: inteligência artificial, computação em nuvem, engenharia de software e visualização de dados. "Atualmente a Prefeitura de Fortaleza já tem muitos dados, muitos sistemas, o que fizemos foi trazer esses dados que já estavam à disposição, integrá-los dentro do Bigdata e transforma-los em informações que são necessárias para os gestores, para ajudar os gestores a tomarem decisões baseada em dados, em evidências," afirma.