Encerrando as celebrações do mês do orgulho da diversidade sexual e de gênero, a Prefeitura de Fortaleza promoveu, neste sábado (02/06), o quinto Casamento Coletivo LGBT. Nesta edição, 21 casais entre lésbicas, gays, bissexuais e transexuais celebraram sua união e amor em evento no Teatro São José.
“É um momento de felicidade, diversos órgãos do poder público se juntaram a partir da compreensão de que esse é um direito que deve ser garantido. Esta é uma conquista que vem depois de muita luta da população e estamos aqui, nos reunindo, em torno do amor, do respeito e do reconhecimento”, comentou Labelle Silva Rainbow, Coordenadora Especial da Diversidade Sexual de Fortaleza.
Kim Aguiar e Daiane Oliveira celebraram a união neste sábado. “Ela se mudou para minha rua e eu sempre fui meio enxerido. Na época, ela ainda se afirmava hétero e não gostava de mim, mas depois de um tempo aceitou ficar comigo ‘só pra ver’, nisso já estamos juntos há sete anos”, disse Kim ao revelar como conheceu sua parceira. “Esse é um momento mágico. Quem ainda não se casou devia deixar de ter medo, é um momento lindo. Eu prometi que não ia chorar, mas olha como estou”, completou com lágrimas de felicidade.
Maria Aline e Marciana Martins relembraram como se conheceram. “A gente se conheceu por meio de um grupo de WhatsApp. E, assim, eu já sabia que era ela. Quando ouvi a voz dela pela primeira vez, já sabia que um dia eu estaria aqui e diria ‘sim’”, revelou Maria Aline.
Erica Ferreira, amiga do casal, disse que não conseguia mais esperar pela união delas em casamento. “É muito importante isso aqui, realmente especial. Uma completa a outra. Eu já conheço a Marciana há dez anos e sei a pessoa maravilhosa que ela é. Então, quando ela encontrou a Alice, foi uma benção na vida dela”.
Tel Cândido, Coordenador do Centro de Referência LGBT Janaína Dutra, pontuou que é dever do poder público e da população em geral apoiar e celebrar o reconhecimento da população LGBT, que vive uma luta constante para a validação de seus direitos.
“A ação de hoje é importantíssima, porque as uniões familiares LGBTs existem e merecem respeito. Hoje, com o casamento coletivo, estamos assegurando os direitos da comunidade, ao passo que celebramos o amor e afirmamos que Fortaleza é uma cidade inclusiva e que apoia a diversidade”, declarou o coordenador.
Diego Souza e Lucas Martins também trocaram alianças. Eles se conheceram por meio de um aplicativo de encontros e estão juntos desde 2016. “A gente sempre levou um pouco na brincadeira o casamento, e o Lucas já havia feito um pedido sério em 2018, mas achei que ainda não era o momento. Esse ano, foi de supetão, ele viu a organização do evento no Instagram e nos inscrevemos. A gente enrolou um pouco, fomos os últimos a realizar a inscrição", comentou Diego.
“É um momento necessário, nós somos um público que, no geral, é renegado pela sociedade. Eu digo que sempre estamos precisando cavar espaços de reconhecimento. Quando há uma iniciativa pública que assegura nosso direito matrimonial, temos que celebrar”, destacou Lucas.
O Casamento Coletivo LGBT é uma ação conjunta da Secretaria Municipal dos Direitos Humanos e Desenvolvimento Social (SDHDS), por meio da Coordenadoria Especial da Diversidade Sexual de Fortaleza; da Secretaria Municipal da Cultura (Secultfor); da Secretaria da Proteção Social, Justiça, Cidadania, Mulheres e Direitos Humanos (SPS), por meio da Coordenadoria Especial de Políticas para LGBT do Estado do Ceará; dos Cartórios Mondubim e do Mucuripe, que garantiram a gratuidade aos casais; e com a parceria da Defensoria Pública do Ceará.
O reconhecimento da união estável entre duas pessoas do mesmo sexo biológico foi permitido no Brasil em 2011, quando o Supremo Tribunal Federal (STF) votou por unanimidade a favor da causa. Entretanto, mesmo após a decisão, cartórios e tribunais de diversos estados brasileiros ainda solicitaram autorizações judiciais para a realização do reconhecimento da união. Em 2013, por meio do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), veio o reconhecimento irrestrito, vedando todos os todos os cartórios do País a recusa de habilitar e celebrar casamentos entre duas pessoas do mesmo sexo e converter a união estável homoafetiva em casamento.