As novas regras do isolamento social em Fortaleza foram o tema da entrevista que prefeito Roberto Cláudio concedeu, na noite desta quinta-feira (07/05), entrevista ao Jornal das Dez, da Globonews. Roberto Cláudio e Rodrigo Neves, prefeito de Niterói, cidade que também adotou um maior no rigor no isolamento, conversaram com o apresentador Heraldo Pereira sobre o cenário de enfrentamento da pandemia do Coronavírus.
De acordo com Roberto Cláudio, Fortaleza passa por um momento de aumento exponencial dos casos e de exaustão da rede pública. "Por isso, iniciaremos esta fase, com novas normas e fiscalização mais intensa. Mas, acima de tudo, uma nova tomada de consciência. É importante encarar com seriedade este momento”, declarou.
A Prefeitura vem tomando todas as medidas para aumentar o acolhimento dos infectados, chegando a criar uma rede paralela para o tratamento da Covid-19. Mas a velocidade com a qual o vírus é transmitido ainda é o grande desafio.
“Houve ampliação na cobertura da atenção primária, mais que a duplicação de leitos na nossa rede de portas de entrada, formada por 12 UPAs, ampliação de mais de 500 leitos de internação e mais de 300 leitos de terapia intensiva, numa parceria entre Governo do Estado e Prefeitura", enumerou.
Mas, segundo Roberto Cláudio, mesmo com todas as providências e os cuidados para evitar contato e aglomerações, a capital cearense está enfrentando a saturação e o limite da capacidade assistencial.
"A mensagem precisa ser clara, não pode haver dubiedade. Este não pode ser um debate entre Cloroquina e Azitromicina. Não pode ser uma discussão entre vida e economia. Não há dilema ético. A vida vem sempre em primeiro lugar. Por isso, devemos enviar uma mensagem clara, prefeitos, governadores e cientistas, de que as nossas decisões devem ser baseadas em evidências científicas", afirmou.
Roberto Cláudio ressaltou que as experiências internacionais comprovam que não há nada mais barato, simples, efetivo e mais protetor de vidas do que promover o isolamento. "A velocidade de disseminação do vírus é muito maior do que a nossa capacidade de criar leitos. Então, precisa ser um trabalho em dois lados”, completou.
O Prefeito de Fortaleza foi indagado sobre a possibilidade de expansão do modelo restritivo para o restante do País. “Há uma solução para cada caso. Mas, em algum momento, a restrição vai precisar acontecer. Eu costumo dizer que, se por medo da consequência econômica, o isolamento não for adotado no momento certo, ele terá que acontecer depois e com duplo prejuízo", explicou.
Roberto Cláudio entende que o isolamento mais rígido é uma solução que, apesar de dolorosa, é necessária para proteger e salvar vidas. "Nós, que mediamos e fazemos políticas públicas, devemos direcioná-las às populações que mais precisam do Estado. E, neste momento, se omitir de tomar decisões que, apesar de duras, são necessárias, é uma omissão que vai ter como preço a vida do nosso povo”, enfatizou.