Por meio de estudos envolvendo diversos órgãos da Prefeitura de Fortaleza, funciona, desde 2017, um modelo de gestão de resíduos sólidos incluindo vários eixos como requalificação urbana, logística de coleta, mobilização social, educação ambiental e monitoramento e fiscalização. Esses eixos, ao longo dos últimos dois anos, foram implementados de maneira efetiva através de diversos projetos, entre eles os Ecopontos, Ecopolos, o E-Carroceiro e o Recicla Fortaleza.
Os Ecopontos são locais adequados para o recebimento de pequenas proporções de entulho, restos de poda, móveis e estofados velhos, além de óleo de cozinha, papelão, plásticos, vidros e metais. Atualmente, são 48 espalhados pela Cidade, coletando, cada um, cerca de 50 toneladas de entulho por mês. Segundo dados da Secretaria de Conservação e Serviços Públicos (SCSP), de janeiro a outubro deste ano, foram coletados 1.325,4 toneladas de lixo nos ecopontos. Para Albert Gradvohl, coordenador especial de limpeza urbana da SCSP, o objetivo principal da política de resíduos sólidos é a diminuição do lixo. “Os pontos de lixo cresceram ao longo dos anos, o que acarreta num custo para a Prefeitura. Então o desafio é diminuição desses pontos”, conta.
O projeto Recicla Fortaleza, que também faz parte da política de resíduos sólidos, funciona por meio de um cadastro simples que pode ser feito por qualquer um. Em troca do lixo entregue nos ecopontos, o cidadão tem descontos na conta de energia e créditos no Bilhete Único. É necessário apenas separar os resíduos recicláveis, lembrando de armazená-los sem sobra de alimentos ou produtos para não atrair insetos e gerar mau cheiro. No local, o cidadão confere a tabela de valores dos resíduos recicláveis, pois o crédito será calculado de acordo o peso e os tipos de materiais.
Ecopolo e E-Carroceiro
O projeto E-Carroceiro, implantado junto da inauguração do Ecopolo da Avenida Leste-Oeste, tem um objetivo que vai além da diminuição dos pontos de lixo. O projeto, em sua essência, busca melhorar o trabalho dos carroceiros. O valor do lixo entregue nos Ecopontos é transferido em forma de crédito para um cartão que pode ser utilizado no comércio da região através do Banco Palmas, ou pode ser transferido para outro banco. O programa é uma parceria entre a Secretaria Regional I, a SCSP, a Ecofor e o Banco Palmas.
Para o carroceiro José Eranildo, conhecido como Hulk, o projeto melhorou consideravelmente a produtividade do seu trabalho e sua renda. Trabalhando há 21 anos como carroceiro, ele conseguiu aumentar seu lucro em 100% com a implantação do projeto no Ecopolo da Avenida Leste Oeste. Para ele, as mudanças melhoraram não só a vida dos trabalhadores, mas dos moradores da região. “Antes do ecopolo enchiam sete caçambas por dia, recolhendo lixo da Leste Oeste. Agora é uma caçamba por dia, porque a gente já traz os entulhos direto para o ecoponto”, explica.
O Ecopolo é um projeto, implantado inicialmente na Av. Leste-Oeste, que funciona através de reestruturação urbana, com recuperação de calçadas, redução de canteiros, iluminação, implantação de ciclofaixa, além de mudança na logística de coleta: lixeiras subterrâneas, coleta de motocicleta e gari comunitários, mobilização comunitária envolvendo a população. Por último, uma fiscalização dirigida mais eficiente e com mais estrutura. A escolha da avenida aconteceu em razão da alta complexidade social, econômica e ambiental do local. O projeto, que atualmente coleta 400 toneladas de entulho por mês, será ampliado para outras regiões da cidade a partir do próximo ano.
Além da mudança ambiental e financeira, segundo Albert Gradvohl, o E-carroceiro, junto aos Ecopontos e Ecopolo, trouxe uma mudança no papel social desses trabalhadores. “O E-carroceiro traz a inclusão social do carroceiro, que passa a ser um agente de limpeza urbana”, explica. É o que também afirma Hulk, que se vê como exemplo para a população. “A gente tem que pegar o exemplo daqui e levar para fora, porque nós carroceiros somos o espelho da limpeza de Fortaleza”. Com quase 200 trabalhadores cadastrados, a previsão é de expandir o projeto, levando-o à Regional VI em janeiro de 2019.