Acordar cedo, pegar o ônibus até o posto de saúde e em seguida sair pelas praças e casas da comunidade. Essa é a rotina de Marciana Assunção, técnica de Enfermagem e agente de saúde há 10 anos na Regional VI. Com atuação no bairro Messejana, ela é umas três mil agentes da Prefeitura de Fortaleza trabalhando pela prevenção da saúde na Capital.“Eu me orgulho muito de trabalhar nessa área. Posso até dizer que eu nasci para isso”, diz.
Oficialmente implantado pelo Ministério da Saúde em 1991, o então Programa de Agentes Comunitários de Saúde (PACS) teve início no fim da década de 1980 como uma iniciativa de alguns estados do Nordeste (e de outros lugares, como o Distrito Federal e São Paulo). Na época, a ação visava buscar alternativas para melhorar as condições de saúde da população. Era uma nova categoria de trabalhadores, formada pela e para a própria comunidade. Os agentes comunitários de saúde transitam por ambos os espaços – governo e comunidade – e intermediam essa interlocução.
Esses profissionais são responsáveis por atuar na promoção, prevenção e proteção da saúde, orientando e acompanhando famílias e grupos em seus domicílios e os encaminhando aos serviços de saúde, por realizar o mapeamento e cadastramento de dados sociais e demográficos, consolidando e analisando as informações obtidas e identificando indivíduos ou grupos que demandam cuidados especiais.
Esse intermédio entre o governo e a comunidade é feito pelos agentes por meio de visitas domiciliares em todo o Município. Nessa ocasiões, são dadas orientações de acordo com o público, seja ele de idosos, crianças, gestantes, portadores de deficiência e cidadãos que não precisam de cuidados especiais, mas que possuem direito ao serviço. Doenças como hanseníase e tuberculose, por exemplo, são tratadas apenas na rede pública. Com a visita do agente, os sintomas dessas doenças são identificados e o encaminhamento pode ser feito a uma equipe médica especializada.
Na rotina de Marciana, o grupo mais atendido na sua área é o de idosos. Além de checar a validade e a agenda dos possíveis medicamentos desse público, ela os orienta, buscando alternativas para tirá-los da ociosidade, o que, segundo a agente, é muito importante para a qualidade de vida desse grupo. Pensando nisso, surgiu a ideia do Grupo Melhor Idade, iniciativa que oferece oficinas e atividades aos idosos do Conjunto Bandeirantes, na Messejana, todas as sextas-feiras de manhã. Na última semana, a atividade era o artesanato com pinturas em materiais, como garrafas pet e panos de prato.
Para Leiry, de 69 anos, participante do grupo, é de grande ajuda a presença de Marciana e também de Francilene Soares, as duas agentes organizadoras do grupo, que auxiliando nas atividades e convidam os idosos para o grupo durantes as visitas domiciliares. “A nossa metodologia é bem lúdica para que eles interajam com a gente. Nós trocamos experiências, eles trazem a vivência deles e nós trazemos o conhecimento”, explica Francilene. Além das oficinas ministradas por profissionais de diferentes áreas, também é realizada a ginástica laboral.
Marciana também faz o agendamento das consultas domiciliares, realizadas quinzenalmente por médicos. Na localidade, a população é atendida em casa pelos médicos do Posto de Saúde Luis Franklin, no bairro Coaçu. Levar esse auxílio para a comunidade, segundo Marciana, é grande parte da recompensa do seu trabalho. “Desafio para mim é chegar numa casa, ver coisas que você nunca imaginou ver, mas saber que você tomou as medidas necessárias para mudar aquela situação. E assim eu posso ajudar ainda mais minha comunidade, meu povo”, destaca a agente.