09 de March de 2022 em Fortaleza

Dia da Mulher: a diversidade como base de uma cidade mais acolhedora e igualitária

Labelle Rainbow, ativista e coordenadora de Diversidade Sexual da Prefeitura de Fortaleza, acredita que a transformação da sociedade passa pelo respeito à pluralidade e reconhecimento de todas as pessoas


labelle posa para a foto em sua sala de trabalho com uma bandeira LGBT
A história de labelle Rainbow é pautada pelo rompimento de padrões e pelo entendimento que ninguém deve se colocar em estereótipos para ter o direito de ser feliz (Foto: Alex Costa)

Viver sonhando acordada. É assim que podemos definir a trajetória de vida de Labelle Rainbow, 36 anos. Travesti, ativista do movimento LGBTI+, defensora dos direitos humanos, estudante de Publicidade e Propaganda, e coordenadora de Diversidade Sexual da Prefeitura de Fortaleza, Labelle não cabe nos rótulos que a sociedade cria para essa população. Muito pelo contrário. Sua história é pautada pelo rompimento de padrões e pelo entendimento que ninguém deve se colocar em estereótipos para ter o direito de ser feliz.

Filha única de mãe solo negra, foi desde pequena que ela compreendeu que acolhimento e parceria são peças fundamentais para uma vida plena. Sua orientação sexual e identidade de gênero foram sempre respeitadas pela família, mais que isso, foram defendidas. “O grande foco na minha casa era a educação e não minha homossexualidade e, posteriormente, minha travestilidade. Quando havia situações de discriminação, minha mãe agia rapidamente, sempre esteve lá”, relembra ela.

Ainda adolescente, Labelle já despontava como defensora dos direitos humanos. Aos 14 anos, escrevia no clube do jornal da escola, no bairro Bom Jardim, sobre o que acontecia com ela e em seu entorno. “Eu participava de um projeto que promoveu diversas discussões, formações e despertou em mim um processo de me perceber enquanto liderança, como uma figura que podia contribuir para a transformação da realidade”, conta.

A partir daí, ela não parou mais e hoje o ativismo não se dissocia da própria personalidade aguerrida de Labelle. “O que eu posso fazer para diminuir as angústias de outras pessoas que sofrem preconceito?” É um questionamento que pauta suas ações e sua luta, em um país que possui cerca de quatro milhões de indivíduos transgêneros ou não bináries, segundo estudo da Universidade Estadual Paulista (Unesp) de 2021.

Seu trabalho à frente da Coordenadoria de Diversidade Sexual da Prefeitura de Fortaleza tem exatamente esse propósito, melhorar a vida das pessoas que sofrem algum tipo de violência ligada às questões de gênero, orientação sexual ou têm os seus direitos negligenciados. O município de Fortaleza é hoje referência em nível nacional e internacional com relação à legislação LGBTI+.

É uma das poucas capitais no Brasil com uma coordenadoria com plano municipal que aponta as necessidades de políticas públicas, conselho consultivo e deliberativo, e um equipamento de atendimento direto ao público, o Centro de Referência LGBT Janaína Dutra. Atualmente, são cerca de 500 atendimentos realizados ao ano. “Temos muitos desafios. As demandas são históricas e coloniais, mas também temos avanços e conquistas. Ocupar esse espaço é fundamental e é preciso a luta, inclusive, para a ampliação disso”, reforça ela.

Futuro

Labelle Rainbow acredita em um futuro mais plural, assim como as cores da bandeira LGBTI+. “Eu reconheço Fortaleza como uma cidade acolhedora e igualitária, e sigo acreditando que o poder público e a cidade como um todo podem transformar a realidade”, afirma.

Porém, ela sabe que a esperança deve ser nutrida por ações efetivas. “O avanço que percebemos vem de muita luta, muita reivindicação. Não dá para falar de cidadania plena se ainda não garantimos à vida dessas pessoas. Mas é um sonho. A gente sonha acordada, estamos na frente dessa realidade, mas olhando através dela, vendo um horizonte possível”.

Seu grande desejo é viver ao máximo de maneira coletiva, com diálogo constante, construindo um mundo melhor para as gerações futuras e que possa sair desse lugar de solidão. E ela faz um pedido para o Dia da Mulher: “quero algo simples, básico, não quero flores, quero direito, quero estar viva e ser reconhecida”, conclui.

Dia da Mulher: a diversidade como base de uma cidade mais acolhedora e igualitária

Labelle Rainbow, ativista e coordenadora de Diversidade Sexual da Prefeitura de Fortaleza, acredita que a transformação da sociedade passa pelo respeito à pluralidade e reconhecimento de todas as pessoas

labelle posa para a foto em sua sala de trabalho com uma bandeira LGBT
A história de labelle Rainbow é pautada pelo rompimento de padrões e pelo entendimento que ninguém deve se colocar em estereótipos para ter o direito de ser feliz (Foto: Alex Costa)

Viver sonhando acordada. É assim que podemos definir a trajetória de vida de Labelle Rainbow, 36 anos. Travesti, ativista do movimento LGBTI+, defensora dos direitos humanos, estudante de Publicidade e Propaganda, e coordenadora de Diversidade Sexual da Prefeitura de Fortaleza, Labelle não cabe nos rótulos que a sociedade cria para essa população. Muito pelo contrário. Sua história é pautada pelo rompimento de padrões e pelo entendimento que ninguém deve se colocar em estereótipos para ter o direito de ser feliz.

Filha única de mãe solo negra, foi desde pequena que ela compreendeu que acolhimento e parceria são peças fundamentais para uma vida plena. Sua orientação sexual e identidade de gênero foram sempre respeitadas pela família, mais que isso, foram defendidas. “O grande foco na minha casa era a educação e não minha homossexualidade e, posteriormente, minha travestilidade. Quando havia situações de discriminação, minha mãe agia rapidamente, sempre esteve lá”, relembra ela.

Ainda adolescente, Labelle já despontava como defensora dos direitos humanos. Aos 14 anos, escrevia no clube do jornal da escola, no bairro Bom Jardim, sobre o que acontecia com ela e em seu entorno. “Eu participava de um projeto que promoveu diversas discussões, formações e despertou em mim um processo de me perceber enquanto liderança, como uma figura que podia contribuir para a transformação da realidade”, conta.

A partir daí, ela não parou mais e hoje o ativismo não se dissocia da própria personalidade aguerrida de Labelle. “O que eu posso fazer para diminuir as angústias de outras pessoas que sofrem preconceito?” É um questionamento que pauta suas ações e sua luta, em um país que possui cerca de quatro milhões de indivíduos transgêneros ou não bináries, segundo estudo da Universidade Estadual Paulista (Unesp) de 2021.

Seu trabalho à frente da Coordenadoria de Diversidade Sexual da Prefeitura de Fortaleza tem exatamente esse propósito, melhorar a vida das pessoas que sofrem algum tipo de violência ligada às questões de gênero, orientação sexual ou têm os seus direitos negligenciados. O município de Fortaleza é hoje referência em nível nacional e internacional com relação à legislação LGBTI+.

É uma das poucas capitais no Brasil com uma coordenadoria com plano municipal que aponta as necessidades de políticas públicas, conselho consultivo e deliberativo, e um equipamento de atendimento direto ao público, o Centro de Referência LGBT Janaína Dutra. Atualmente, são cerca de 500 atendimentos realizados ao ano. “Temos muitos desafios. As demandas são históricas e coloniais, mas também temos avanços e conquistas. Ocupar esse espaço é fundamental e é preciso a luta, inclusive, para a ampliação disso”, reforça ela.

Futuro

Labelle Rainbow acredita em um futuro mais plural, assim como as cores da bandeira LGBTI+. “Eu reconheço Fortaleza como uma cidade acolhedora e igualitária, e sigo acreditando que o poder público e a cidade como um todo podem transformar a realidade”, afirma.

Porém, ela sabe que a esperança deve ser nutrida por ações efetivas. “O avanço que percebemos vem de muita luta, muita reivindicação. Não dá para falar de cidadania plena se ainda não garantimos à vida dessas pessoas. Mas é um sonho. A gente sonha acordada, estamos na frente dessa realidade, mas olhando através dela, vendo um horizonte possível”.

Seu grande desejo é viver ao máximo de maneira coletiva, com diálogo constante, construindo um mundo melhor para as gerações futuras e que possa sair desse lugar de solidão. E ela faz um pedido para o Dia da Mulher: “quero algo simples, básico, não quero flores, quero direito, quero estar viva e ser reconhecida”, conclui.