12 de February de 2023 em Cultura

Benfica celebra africanidade no último domingo de Pré-Carnaval

Maracatus e afoxés marcaram o ritmo e convidaram para o grande desfile de Carnaval na Av. Domingos Olímpio


rainha do maracatu posa para a foto
O Maracatu Nação Palmares comemora 10 anos de fundação em 2023 (Fotos: Marcos Moura)

No bairro Benfica, o último dia do pré-carnaval de Fortaleza (12/02) foi marcado pela celebração à africanidade. Apresentaram-se na manhã deste domingo, na Praça João Gentil, os coletivos Maracatu Nação Palmares, que comemora 10 anos de fundação, e o Afoxé Omorisa Odé.

Como destacou Paul Moura, presidente do Maracatu Nação Palmares, "Este ano, o nosso enredo é 'Africa: berço e glória de nossa nação'. O objetivo é, como todo Maracatu, exaltar a cultura do negro africano, trazido ao Brasil de maneira perversa".

O maracatu é, antes de tudo, uma manifestação do sincretismo cultural brasileiro, onde elementos das culturas indígenas, europeias e africanas se mesclam ao ritmo marcado pelas zabumbas e pelos triângulos. Entretanto, como conta Paul Moura, um dos principais objetivos da expressão cultural é rememorar os sofrimentos sofridos na escravidão e celebrar as raízes africanas de nossa nação.

"Os negros vieram com a cultura deles para cá. E, como sabemos hoje, muitos deles eram Reis e Rainhas de seus clã que foram trazidos quando os colonizadores quiseram arrebatar tudo em África. O maracatu é uma representação disso, celebrar nossos reis e rainhas negros".

Ainda de acordo com Paul, o elemento central do maracatu é a calunga, uma boneca preta e elemento central do cadomblé. Trazida pelas mãos da calungueira, a bonita é a figura central dos cortejos e representa uma entidade espiritual ou uma rainha já morta.

Este ano Jean Carlos e Márcio Santiago são, respectivamente, rainha e rei do Maracatu Nação Palmares. Eles comentaram sobre como o maracatu surgiu na vida deles.

Fábio de Oxossi no palco
Para o vocalista do afoxé Omorisa Odé, Fábio de Oxóssi, este é um momento de reafirmar sua religião

"Já tem dez anos que eu participo do Maracatu Nação Palmares. Comecei pulando como 'indio' e está será minha primeira vez como rainha. Estou muito feliz, mas também muito nervoso", comentou Jean. Para Márcio, o brincadeira tem origens familiares: "foi minha família que me puxou pro maracatu. Danço desde os sete anos de idade e adoro me pintar e sair no Carnaval".

Pela eles, este é um momento de alegria e de reflexão. "Depois de dois anos de pandemia, com tantas perdas pessoais e materiais, pessoas que saíram do maracatu, retornar é um reinício. É mostrar que estamos vivos e que vamos da a volta por cima", refletiu Jean.

O morador do Benfica e radialista Hilton Oliveira Junior é um folião sempre presente nos maracatus de Fortaleza. Para ele, é fundamental que a cidade continue a promover espaços de celebração à cultura de origem africana.

"O maracatu retrata, sobretudo, a cultura africana. É importante termos essa consciência negra e humana, que, muitas pessoas ainda veem com preconceito, principalmente em religiões como a umbanda e cadomblé. É importante sabermos que o bem e o mau está em todo o lugar, independentemente da religião", comentou Hilton.

Para o vocalista do afoxé Omorisa Odé, Fábio de Oxóssi, este é um momento de reafirmar sua religião. Uma forma de conectar a alegria do Carnaval com o sublime do espírito.

"Nós levamos para as pessoas o ritmo dos afoxés, mas, sobretudo, nossa religiosidade. É uma ligação, uma forma de unir todos os povos e, pra gente, tocar nesses espaços traz muita satisfação e felicidade".

Roberta Oliveira levou a filha Ana Vitória, de sete anos, para curtir o Carnaval do Benfica. Como ela comentou, é uma oportunidade de aprendizado para a sua filha.

"Nós já somos acostumadas a vir pra cá. Ontem eu trouxe a Ana e ela não sabia o que era maracatu e ficou encantada. Também expliquei para ela as origens da festa. Ela adora o Carnaval, inclusive, foi escolha dela vir pra cá fantasiada de Mulher Maravilha", disse a mãe.

O Ciclo Carnavalesco 2023, além da celebração cultural, também é uma oportunidade para pequenos comerciantes fazerem uma renda extra, como falou Maria Luciene.

"Depois de dois anos sem Carnaval, foi ótimo voltar. A gente vende e ainda pode se divertir um pouco. Espero que o movimento continue a aumente. O que eu mais tenho vendido aqui são máscaras, espumas e confetes. É um sinal que o povo quer brincar", comentou.

Na semana que vem, a folia dos maracatus é afoxés continua no tradicional desfile da av. Domingos Olímpio. Este ano, também tem uma novidade, a Prefeitura de Fortaleza fará exibição completa dos cortejos por meio da TV Terra do Sol.

Benfica celebra africanidade no último domingo de Pré-Carnaval

Maracatus e afoxés marcaram o ritmo e convidaram para o grande desfile de Carnaval na Av. Domingos Olímpio

rainha do maracatu posa para a foto
O Maracatu Nação Palmares comemora 10 anos de fundação em 2023 (Fotos: Marcos Moura)

No bairro Benfica, o último dia do pré-carnaval de Fortaleza (12/02) foi marcado pela celebração à africanidade. Apresentaram-se na manhã deste domingo, na Praça João Gentil, os coletivos Maracatu Nação Palmares, que comemora 10 anos de fundação, e o Afoxé Omorisa Odé.

Como destacou Paul Moura, presidente do Maracatu Nação Palmares, "Este ano, o nosso enredo é 'Africa: berço e glória de nossa nação'. O objetivo é, como todo Maracatu, exaltar a cultura do negro africano, trazido ao Brasil de maneira perversa".

O maracatu é, antes de tudo, uma manifestação do sincretismo cultural brasileiro, onde elementos das culturas indígenas, europeias e africanas se mesclam ao ritmo marcado pelas zabumbas e pelos triângulos. Entretanto, como conta Paul Moura, um dos principais objetivos da expressão cultural é rememorar os sofrimentos sofridos na escravidão e celebrar as raízes africanas de nossa nação.

"Os negros vieram com a cultura deles para cá. E, como sabemos hoje, muitos deles eram Reis e Rainhas de seus clã que foram trazidos quando os colonizadores quiseram arrebatar tudo em África. O maracatu é uma representação disso, celebrar nossos reis e rainhas negros".

Ainda de acordo com Paul, o elemento central do maracatu é a calunga, uma boneca preta e elemento central do cadomblé. Trazida pelas mãos da calungueira, a bonita é a figura central dos cortejos e representa uma entidade espiritual ou uma rainha já morta.

Este ano Jean Carlos e Márcio Santiago são, respectivamente, rainha e rei do Maracatu Nação Palmares. Eles comentaram sobre como o maracatu surgiu na vida deles.

Fábio de Oxossi no palco
Para o vocalista do afoxé Omorisa Odé, Fábio de Oxóssi, este é um momento de reafirmar sua religião

"Já tem dez anos que eu participo do Maracatu Nação Palmares. Comecei pulando como 'indio' e está será minha primeira vez como rainha. Estou muito feliz, mas também muito nervoso", comentou Jean. Para Márcio, o brincadeira tem origens familiares: "foi minha família que me puxou pro maracatu. Danço desde os sete anos de idade e adoro me pintar e sair no Carnaval".

Pela eles, este é um momento de alegria e de reflexão. "Depois de dois anos de pandemia, com tantas perdas pessoais e materiais, pessoas que saíram do maracatu, retornar é um reinício. É mostrar que estamos vivos e que vamos da a volta por cima", refletiu Jean.

O morador do Benfica e radialista Hilton Oliveira Junior é um folião sempre presente nos maracatus de Fortaleza. Para ele, é fundamental que a cidade continue a promover espaços de celebração à cultura de origem africana.

"O maracatu retrata, sobretudo, a cultura africana. É importante termos essa consciência negra e humana, que, muitas pessoas ainda veem com preconceito, principalmente em religiões como a umbanda e cadomblé. É importante sabermos que o bem e o mau está em todo o lugar, independentemente da religião", comentou Hilton.

Para o vocalista do afoxé Omorisa Odé, Fábio de Oxóssi, este é um momento de reafirmar sua religião. Uma forma de conectar a alegria do Carnaval com o sublime do espírito.

"Nós levamos para as pessoas o ritmo dos afoxés, mas, sobretudo, nossa religiosidade. É uma ligação, uma forma de unir todos os povos e, pra gente, tocar nesses espaços traz muita satisfação e felicidade".

Roberta Oliveira levou a filha Ana Vitória, de sete anos, para curtir o Carnaval do Benfica. Como ela comentou, é uma oportunidade de aprendizado para a sua filha.

"Nós já somos acostumadas a vir pra cá. Ontem eu trouxe a Ana e ela não sabia o que era maracatu e ficou encantada. Também expliquei para ela as origens da festa. Ela adora o Carnaval, inclusive, foi escolha dela vir pra cá fantasiada de Mulher Maravilha", disse a mãe.

O Ciclo Carnavalesco 2023, além da celebração cultural, também é uma oportunidade para pequenos comerciantes fazerem uma renda extra, como falou Maria Luciene.

"Depois de dois anos sem Carnaval, foi ótimo voltar. A gente vende e ainda pode se divertir um pouco. Espero que o movimento continue a aumente. O que eu mais tenho vendido aqui são máscaras, espumas e confetes. É um sinal que o povo quer brincar", comentou.

Na semana que vem, a folia dos maracatus é afoxés continua no tradicional desfile da av. Domingos Olímpio. Este ano, também tem uma novidade, a Prefeitura de Fortaleza fará exibição completa dos cortejos por meio da TV Terra do Sol.