28 de June de 2021 em Juventude

Alunos do grupo de dança do Cuca Mondubim se preparam para mostra artística na Finlândia

Qualidade artística e comprometimento reúne jovens e bailarina cearense Elisa Parente para produzir projetos de dança com incentivo de edital finlandês, único estrangeiro entre 2 mil inscritos


grupo de pessoas dançando num palco
É no palco do teatro ou na sala de dança das sedes da Rede Cuca que a troca entre os jovens e Elisa Parente acontece (Fotos: Kiko Silva)

Dentre tantas possibilidades para se inserir no meio artístico e cultural, a dança foi o principal modo expressão escolhido para ser trabalhado durante o Projeto de Orientação à Investigação Artística (Poia) por 12 jovens de 18 a 26 anos da Rede Cuca, agraciado a seleção do edital “Searching for a Job”, da instituição finlandesa Kone Foundation. Ele é o único projeto não finlandês escolhido em chamada aberta para financiamento entre mais de dois mil participantes.

A iniciativa veio da vontade da jornalista e bailarina cearense Elisa Parente em mudar a realidade de seu entorno. Ela acredita que ter colocado este fator como prioridade na descrição do projeto, juntamente com a emoção sentida no contato único que teve como espectadora do Grupo de Dança da Rede Cuca Mondubim, foram os diferenciais para os recrutadores.

“Quando sentei para escrever, me perguntei qual seria o meu trabalho dos sonhos, e era trabalhar com essa companhia. Eu trabalhava na minha escola particular na Espanha e tinha um outro tipo de relação. Mas sempre tive uma paixão por trabalho social e vi uma oportunidade de fazer deste edital um braço do Poia. No Cuca é tudo muito orgânico, acontece muita vida, muita força. No projeto, eu deveria ressignificar a ideia de trabalho. E na entrevista, contei para eles sobre a noite que passei no Cuca, e pude ver no rosto deles a experiência que eu vivi”, explica a bailarina.

É no palco do teatro ou na sala de dança das sedes da Rede Cuca que a troca entre os jovens e Elisa Parente acontece. O projeto possui quatro eixos: o primeiro é o de desenvolvimento de projeto pessoal. Para isso, cada aluno recebe uma bolsa no valor de R$ 1.000, em duas parcelas.

O segundo eixo é composto por workshops, que abrangem temas como temas como dança e vídeo, composição musical, cinema, direção de arte e comunicação. O terceiro são as mentorias, divididas em dois grupos liderados por Elisa e pelo professor de dança da Rede Cuca Jorge Luiz. Eles acompanham e desenvolvem os projetos pessoais conforme a demanda dos participantes.

O quarto eixo é, por fim, uma mostra desses processos, que acontecerá no final de julho, no Cuca Mondubim, para a apresentação de coreografias e vídeos, além de um making of dos encontros que está sendo registrado e compilado para que, no dia 23 de setembro entre em exposição coletiva na Finlândia e siga um ano em cartaz.

“O mais importante nesse processo é a travessia. Daqui dois meses, dois anos, cinco anos, isso pode desembocar em outras coisas. Por isso não pedimos produtos prontos. Eles são incríveis e apaixonantes, meninos de realidades diferentes e quando a gente junta todos num grupo, em termos de interesse, comprometimento e vontade de estar ali, é 100%. Eu não vim até aqui para ser a pessoa que passa algo para eles. Estamos em uma troca constante, de semana a semana, e isso tem sido incrível”, relata Elisa.

Retomada

Quando o grupo todo está presente, a energia dos participantes se transforma e se conecta. Os passos, mesmo não sendo iguais, interligam-se entre si e ao ritmo da batida, seja em dupla, em círculos ou em práticas individuais que fazem sentido dentro do contexto a ser aprimorado.

Neste palco estão os passos da dançarina Kew Ajani, de 26 anos. Ela é ativa na Rede Cuca desde 2017 e conta que teve que pausar a rotina de espetáculos, apresentações, aulas e competições por causa da pandemia, e que o novo projeto veio não só como uma grande surpresa, mas também incentivo para que o grupo voltasse com tudo após esse período.

dançarina posa para a foto fazendo um movimento com os barços abertos
"O projeto veio para que a gente pudesse enxergar esperança novamente", acredita Kew Ajani

“A dança é movimento, e por mais que a gente tenha passado por tudo isso em casa, dançando só, não é a mesma coisa de estar com a energia de todo mundo. Então, o projeto veio para que a gente pudesse enxergar esperança novamente. Tudo isso está sendo de suma importância para os currículos dos dançarinos que fazem parte do grupo. Essa visão internacional é muito boa para a nossa carreira, independentemente do caminho que formos seguir”.

Kew pensa em direcionar o seu projeto para a linha de pesquisas corporais e visuais, relacionando o audiovisual e os estímulos cerebrais, a câmera e a imagem a favor da dança, mas explica que ainda é necessário realizar pesquisas em campo para saber o que realmente será estabelecido.

Por sua vez, Wagner Castro, de 21 anos, baseia sua pesquisa sobre dança e gestualidades corporais, ou como um corpo reage a instintos, gestos, emoções e estados sensoriais. Também deseja falar sobre comunicação gestual, como transmitir mensagens através do corpo e, nesse sentido, quer incluir acessibilidade em libras na dança, e o projeto é o caminho no qual ele procura chegar a este resultado.

“Eu danço desde 2015, mas foi no Cuca, em 2018, que eu passei a entender a dança como profissão. Conheci o mundo da dança em Fortaleza, festivais, competições, e pude experimentar e trazer ao meu currículo o grupo de dança. Foi um começo para voltar a criar e dançar de novo, e desde que começou, vejo o nosso grupo dedicado e animado com o projeto. Estou muito animado, é uma oportunidade que nunca tive e que pude ter em decorrência do nosso trabalho, ansioso com o resultado, mas ainda mais pelo caminho, pelas aulas e conversas que ainda vamos ter”, enfatiza o jovem.

Wagner considera que a Rede Cuca tem sido um dos principais meios para se alcançar diferentes oportunidades não apenas no meio da dança, mas para todos os jovens que fazem parte das mais diversas atividades que os equipamentos proporcionam. “Para quem está desde o início do grupo, vemos que este é um espaço de acolhimento, sempre fomos tratados muito bem e estando aqui, abrimos caminhos dentro e fora do Cuca. Esse projeto é apenas um dos exemplos do que a Rede Cuca traz para a gente”.

Engajamento e qualidade

Além de Elisa Parente, o Poia também conta com os comandos e as orientações do artista urbano e professor de danças urbanas da Rede Cuca Jorge Luiz, mais conhecido como Loly Pop. Ele considera que os jovens integrantes conseguem gerar uma nova dimensão de qualidade artística e de comprometimento dentro do projeto e que eles estão se desenvolvendo de maneira muito segura conforme o que é determinado.

“Existe uma qualidade a nível nacional do que é produzido por eles. Desde o início, é um grupo muito homogêneo, que tem anos de produção, uma bagagem grande com produção de espetáculos, e esse é um diferencial. Além disso, eles já têm trajetória artística e comprometimento e apesar de serem novos, eles são profissionais. Para a gente fica até mais fácil, enquanto direção, pois já conseguem fazer uma leitura dos trabalhos no envolvimento coletivo, se organizam por si só, e o trabalho individual deles é muito potente”, descreve o professor.

Jorge Luiz também destaca a eficiência da Rede Cuca enquanto equipamento gratuito para o engrandecimento da carreira de cada jovem. “Não adianta ter só qualidade artística, é preciso ter um equipamento que acolha e consiga potencializar o trabalho e a Rede Cuca faz isso de maneira sublime. Temos todo um suporte que dá conta desse desenvolvimento a longo prazo, e eles conseguem produzir de maneira potente e longínqua. Essa galera veio da periferia, muitos começaram do zero e hoje já trabalham, dão aula, dão outra dimensão artística para a cidade que ultrapassa as barreiras do Cuca”, completa.

Alunos do grupo de dança do Cuca Mondubim se preparam para mostra artística na Finlândia

Qualidade artística e comprometimento reúne jovens e bailarina cearense Elisa Parente para produzir projetos de dança com incentivo de edital finlandês, único estrangeiro entre 2 mil inscritos

grupo de pessoas dançando num palco
É no palco do teatro ou na sala de dança das sedes da Rede Cuca que a troca entre os jovens e Elisa Parente acontece (Fotos: Kiko Silva)

Dentre tantas possibilidades para se inserir no meio artístico e cultural, a dança foi o principal modo expressão escolhido para ser trabalhado durante o Projeto de Orientação à Investigação Artística (Poia) por 12 jovens de 18 a 26 anos da Rede Cuca, agraciado a seleção do edital “Searching for a Job”, da instituição finlandesa Kone Foundation. Ele é o único projeto não finlandês escolhido em chamada aberta para financiamento entre mais de dois mil participantes.

A iniciativa veio da vontade da jornalista e bailarina cearense Elisa Parente em mudar a realidade de seu entorno. Ela acredita que ter colocado este fator como prioridade na descrição do projeto, juntamente com a emoção sentida no contato único que teve como espectadora do Grupo de Dança da Rede Cuca Mondubim, foram os diferenciais para os recrutadores.

“Quando sentei para escrever, me perguntei qual seria o meu trabalho dos sonhos, e era trabalhar com essa companhia. Eu trabalhava na minha escola particular na Espanha e tinha um outro tipo de relação. Mas sempre tive uma paixão por trabalho social e vi uma oportunidade de fazer deste edital um braço do Poia. No Cuca é tudo muito orgânico, acontece muita vida, muita força. No projeto, eu deveria ressignificar a ideia de trabalho. E na entrevista, contei para eles sobre a noite que passei no Cuca, e pude ver no rosto deles a experiência que eu vivi”, explica a bailarina.

É no palco do teatro ou na sala de dança das sedes da Rede Cuca que a troca entre os jovens e Elisa Parente acontece. O projeto possui quatro eixos: o primeiro é o de desenvolvimento de projeto pessoal. Para isso, cada aluno recebe uma bolsa no valor de R$ 1.000, em duas parcelas.

O segundo eixo é composto por workshops, que abrangem temas como temas como dança e vídeo, composição musical, cinema, direção de arte e comunicação. O terceiro são as mentorias, divididas em dois grupos liderados por Elisa e pelo professor de dança da Rede Cuca Jorge Luiz. Eles acompanham e desenvolvem os projetos pessoais conforme a demanda dos participantes.

O quarto eixo é, por fim, uma mostra desses processos, que acontecerá no final de julho, no Cuca Mondubim, para a apresentação de coreografias e vídeos, além de um making of dos encontros que está sendo registrado e compilado para que, no dia 23 de setembro entre em exposição coletiva na Finlândia e siga um ano em cartaz.

“O mais importante nesse processo é a travessia. Daqui dois meses, dois anos, cinco anos, isso pode desembocar em outras coisas. Por isso não pedimos produtos prontos. Eles são incríveis e apaixonantes, meninos de realidades diferentes e quando a gente junta todos num grupo, em termos de interesse, comprometimento e vontade de estar ali, é 100%. Eu não vim até aqui para ser a pessoa que passa algo para eles. Estamos em uma troca constante, de semana a semana, e isso tem sido incrível”, relata Elisa.

Retomada

Quando o grupo todo está presente, a energia dos participantes se transforma e se conecta. Os passos, mesmo não sendo iguais, interligam-se entre si e ao ritmo da batida, seja em dupla, em círculos ou em práticas individuais que fazem sentido dentro do contexto a ser aprimorado.

Neste palco estão os passos da dançarina Kew Ajani, de 26 anos. Ela é ativa na Rede Cuca desde 2017 e conta que teve que pausar a rotina de espetáculos, apresentações, aulas e competições por causa da pandemia, e que o novo projeto veio não só como uma grande surpresa, mas também incentivo para que o grupo voltasse com tudo após esse período.

dançarina posa para a foto fazendo um movimento com os barços abertos
"O projeto veio para que a gente pudesse enxergar esperança novamente", acredita Kew Ajani

“A dança é movimento, e por mais que a gente tenha passado por tudo isso em casa, dançando só, não é a mesma coisa de estar com a energia de todo mundo. Então, o projeto veio para que a gente pudesse enxergar esperança novamente. Tudo isso está sendo de suma importância para os currículos dos dançarinos que fazem parte do grupo. Essa visão internacional é muito boa para a nossa carreira, independentemente do caminho que formos seguir”.

Kew pensa em direcionar o seu projeto para a linha de pesquisas corporais e visuais, relacionando o audiovisual e os estímulos cerebrais, a câmera e a imagem a favor da dança, mas explica que ainda é necessário realizar pesquisas em campo para saber o que realmente será estabelecido.

Por sua vez, Wagner Castro, de 21 anos, baseia sua pesquisa sobre dança e gestualidades corporais, ou como um corpo reage a instintos, gestos, emoções e estados sensoriais. Também deseja falar sobre comunicação gestual, como transmitir mensagens através do corpo e, nesse sentido, quer incluir acessibilidade em libras na dança, e o projeto é o caminho no qual ele procura chegar a este resultado.

“Eu danço desde 2015, mas foi no Cuca, em 2018, que eu passei a entender a dança como profissão. Conheci o mundo da dança em Fortaleza, festivais, competições, e pude experimentar e trazer ao meu currículo o grupo de dança. Foi um começo para voltar a criar e dançar de novo, e desde que começou, vejo o nosso grupo dedicado e animado com o projeto. Estou muito animado, é uma oportunidade que nunca tive e que pude ter em decorrência do nosso trabalho, ansioso com o resultado, mas ainda mais pelo caminho, pelas aulas e conversas que ainda vamos ter”, enfatiza o jovem.

Wagner considera que a Rede Cuca tem sido um dos principais meios para se alcançar diferentes oportunidades não apenas no meio da dança, mas para todos os jovens que fazem parte das mais diversas atividades que os equipamentos proporcionam. “Para quem está desde o início do grupo, vemos que este é um espaço de acolhimento, sempre fomos tratados muito bem e estando aqui, abrimos caminhos dentro e fora do Cuca. Esse projeto é apenas um dos exemplos do que a Rede Cuca traz para a gente”.

Engajamento e qualidade

Além de Elisa Parente, o Poia também conta com os comandos e as orientações do artista urbano e professor de danças urbanas da Rede Cuca Jorge Luiz, mais conhecido como Loly Pop. Ele considera que os jovens integrantes conseguem gerar uma nova dimensão de qualidade artística e de comprometimento dentro do projeto e que eles estão se desenvolvendo de maneira muito segura conforme o que é determinado.

“Existe uma qualidade a nível nacional do que é produzido por eles. Desde o início, é um grupo muito homogêneo, que tem anos de produção, uma bagagem grande com produção de espetáculos, e esse é um diferencial. Além disso, eles já têm trajetória artística e comprometimento e apesar de serem novos, eles são profissionais. Para a gente fica até mais fácil, enquanto direção, pois já conseguem fazer uma leitura dos trabalhos no envolvimento coletivo, se organizam por si só, e o trabalho individual deles é muito potente”, descreve o professor.

Jorge Luiz também destaca a eficiência da Rede Cuca enquanto equipamento gratuito para o engrandecimento da carreira de cada jovem. “Não adianta ter só qualidade artística, é preciso ter um equipamento que acolha e consiga potencializar o trabalho e a Rede Cuca faz isso de maneira sublime. Temos todo um suporte que dá conta desse desenvolvimento a longo prazo, e eles conseguem produzir de maneira potente e longínqua. Essa galera veio da periferia, muitos começaram do zero e hoje já trabalham, dão aula, dão outra dimensão artística para a cidade que ultrapassa as barreiras do Cuca”, completa.